A busca do General Uchôa por diferentes vertentes de conhecimento fica clara quando se começa a estudar sua vida e obra. De um lado o engenheiro, professor de ciências exatas e até cético em relação ao que não via e vivia, de outro as experiências que desde jovem que lhe faziam sentir que nem tudo estava ao alcance dos olhos físicos.
Talvez por isso que a espiritualidade da Índia, com toda sua diversidade e contraste em relação à visão ocidental cristã, também chamou sua atenção. No Acervo do General Uchôa observamos que ele estudava mestres do hinduísmo, budismo e yoga. A questão aqui, é que, na sua época, chegar a esses conhecimentos era muito mais difícil, pois pouco do oriente penetrava o Brasil e de forma muito lenta.
O Acervo nos mostra que desde as décadas de 1940/1950, ao menos, ele já acessava conhecimentos que ainda hoje estão restritos a quem se dedica aos estudos orientais e tinha acesso a práticas espirituais da Índia.
Começamos agora uma breve série de três textos sobre as influências da Índia na vida e obra do General, mostrando o que encontramos no acervo sobre isso.
Nesta reportagem de jornal (sem identificação), guardada por ele, fala-se da comemoração do centenário de nascimento de Sri Aurobindo, citando textos de *Upanishads e *Puranas e obras como *Bhagavad Gita e *A Vida Divina, além de práticas de Yoga, entre outros.
Na página 36 do livro Além da Parapsicologia, do General, pode-se ler um trecho onde o General comenta sobre as barreira do preconceito no conhecimento:
“Na faixa desse interesse, que se sente oportuno e tende a generalizar-se por todos os países cultos, é que, a nosso ver, urge organizar- se a ciência, rompendo as barreiras do preconceito, os quistos de pensamento estratificado ou congelado, que conserva e acarinha formas caducas do proceder científico, conduzido, dominado por crenças temerosas de outras perspectivas outras luzes… Todo o campo das percepções extra-sensoriais, incluindo se os estados místicos decorrentes da prática da Yoga oriental e, ainda, a imensa fenomenologia do chamado Espiritismo Científico, explorada desde o século passado por cientistas de escol, como indicamos, vêm encontrar, afinal, equipes de pesquisa, com segura orientação científica, à altura de sua importância e significação para o destino humano.”
Como um homem da ciência, acompanhava de perto experimentos como o deste artigo de Artigo de Bill D. Schul, da Universal Science News, sobre a ciência penetrar os domínios do espírito e de ondas cerebrais para a cura, publicado no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, de 1972.
Os documentos relacionados aos saberes da Índia ainda incluem nomes como Paramahansa Yogananda, um dos maiores divulgadores da filosofia da Índia para o Ocidente; Patanjali, conhecido como autor dos Yoga Sutras, um tratado sobre o Raja Yoga, baseado na escola Samkhya e no Bhagavad Gita; citação do livro Autoperfeição do Hatha Yoga, do Professor Hermógenes, obra pioneira sobre o Yoga no Brasil, além de estudos do conceito de Nirvana pelo Budismo e práticas espirituais recebidas como discípulo de um mestre yogui.
No próximo texto vamos abordar o Yoga no caminho de expansão da consciência e o mestre Yogananda.
GLOSSÁRIO
* Upanishads – derivam do mais antigo texto hindu, os Vedas, que formam a base de toda a filosofia do hinduísmo. Por meio de diálogos entre mestre e discípulo, os Upanishads falam sobre a compreensão da alma humana (Atman) e o caminho para se atingir a realidade absoluta (Brahman);
* Puranas – são textos antigos hindus sobre várias divindades. Também podem ser descritos como um gênero de importantes textos religiosos hindus ao lado de alguns textos religiosos jainistas e budistas;
* Bhagavad Gita (A Sublime Canção) – poema místico-filosófico, é o episódio mais célebre do Mahabharata e o texto mais venerado pelos hindus. Um compêndio das ideias da espiritualidade do hinduísmo. Nele, Krishna transmite a Arjuna, filho de Indra, o ensinamento da filosofia bramânica, referente ao dever dos membros de cada casta e aos meios para se libertar do fluxo dos renascimentos;
* A Vida Divina: Uma Visão da Evolução Espiritual da Humanidade – Livro que apresenta a visão de Sri Aurobindo sobre a evolução espiritual no processo completo de involução e evolução humana do Espírito na matéria, e descreve como a atual crise da consciência humana conduzirá à sua transformação e à manifestação de uma vida divina sobre a terra.

Seguimos a cada semana revelando um pouco do que vamos descobrindo no Acervo. Leia também:
- Como nasceu o Acervo General Uchôa
- StarTape Project: ouvindo o General das Estrelas
- Retratando o que vem das estrelas
- Na ponta da caneta do General Uchôa
- O General das Estrelas na mídia
- As mensagens ditadas pelos espíritos
- Nos caminhos da parapsicologia, com Gen. Uchôa
- O General e os discos voadores
- Morya, o Mestre do General Uchôa
- Nos versos do poeta Uchôa
- Cultivando a espiritualidade sem rótulos
- A conexão com o Mestre Jesus
- As curas com o Mestre Philippe de Lyon
- O ideal educacional do General Uchôa
- Educação para o conhecimento universal
- O General e a educação superior universalista
- Curas paranormais na vida do General Uchôa
- Ufologia aproximava General Uchôa de pesquisadores e entusiastas
- A ufologia científica de J. Allen Hynek
- Prof. Flávio Pereira, um marco na ufologia brasileira
- Perguntas e respostas do Acervo do General Uchôa
- Quando um novo conceito abala os alicerces do conhecimento
- O disco voador falso da Serra Dourada
- E nem só de seriedade vive o homem
- Acondicionamento de originais em um acervo histórico
- Você sabe o que é Ocultismo?
- Helena Blavatsky e o Acervo do General Uchôa
- Os estudos ocultistas de Leadbeater
- A grande discípula Annie Besant
- A guarda permanente do acervo físico do General Uchôa
- Revistas no Acervo do General Uchôa
- A multidimensionalidade na educação
Respostas de 2
Excelente! Há pouco tempo conheci o hinduísmo através de um mestre chamado Mooji pelos vídeos do Youtube. Achei muito interessante a perspectiva dele sobre a expansão da consciência e da meditação não como prática apenas, mas um estilo de vida.
Que bom que gostou Caetano! 🙂