Acessar conteúdo não é integrar conhecimento

Se as horas de conteúdo assistidos no YouTube não estão se transformando
em movimento na sua vida, você está na fantasia do conhecimento.

O conhecimento está em todo lugar, não tem mais barreiras. Está na internet e especialmente de fácil acesso nos vídeos do YouTube. Mas estamos vivendo um processo de mudança paradigmática. Novos métodos de fazer as coisas. E quando a gente fala que está tendo uma mudança no paradigma de construção, produção e distribuição do conhecimento, estamos falando que aquele jeitão que veio até agora está mudando. Se para melhor ou pior, os anos vão dizer.

Se perguntar para sua mãe como ela fazia os trabalhos de escola, ela vai contar que a professora escrevia na lousa e ela, em casa, caso fosse de uma família com condições, tinha a enciclopédia Barsa, lá numa estante, para ser consultada. Havia uma postura de “o detentor do conhecimento” e a pessoa. Isso vem de antes da era industrial, quando o professor era um cara que lia muito e, se você tinha grana, contratava esse professor para ir à sua casa ensinar seus filhos e indicar os mesmo livros.

Com a era industrial de produtividade, de botar tudo numa linha de montagem, um professor para um aluno já não comportava.

Então o professor foi colocado na frente de um monte de crianças, sentados em uma mesa atrás da outra, divididos por idade, tudo no modelo industrial e militar. Crianças automatizadas que ficavam copiando, copiando, copiando.

Mas a tecnologia virou esse modelo de cabeça para baixo. Temos acesso a tudo que quisermos no YouTube. Se você escrever ali na busca “Como bater claras em neve”, aparece uma lista de vídeos de pessoas filmando com seus próprios celulares e explicando de inúmeras maneiras. O conhecimento é produzido e compartilhado de forma orgânica.  Ninguém é o oráculo do conhecimento. Cada um aporta o que sabe e a gente vai construindo junto. E quando você compartilha algo, esse conhecimento ganha outros viés.

Porém, tem uma situação que, na minha opinião, é preciso atenção: ficar feito um doido de pedra maratonando YouTube.  

Por quê?

Porque conhecimento não é conteúdo. Conhecimento é um terço que acontece dentro de você a partir do contato com o conteúdo.  E isso é algo muito claro aqui no Círculo, como uma escola filosófica exoconsciente que somos.

Vou dar um exemplo: você lê textos e vê vídeos sobre energia elétrica, começa a acessar tudo sobre o tema. Mas choque, você só sabe o que é quando enfia o seu dedo no buraquinho da tomada!  Conhecimento é quando você sente o gosto da verdade na própria pele.  É uma experiência pessoal, interior, e quando ele acontece gera o movimento.

A partir desse gosto que sentiu, começa a buscar atitudes que sejam coerentes com esse sabor. Por isso, pergunto: Qual a qualidade de transformação desse conteúdo que você acessa para conhecimento na sua vida? Na jornada do conhecimento não podemos dar o passo maior que a perna. Senão você pira. Entra numa ânsia de saber e colapsa. E ao invés de saber o que é energia elétrica você acaba se eletrocutando com a coisa toda!

Dá uma olhada nessa ferramenta, a Pirâmide de William Glasser ou Cone da Aprendizagem. É resultado de uma pesquisa feita século passado e que depois, em 1969, Edgar Dale ampliou a compreensão. Eles mediram a retenção do conhecimento em diferentes mídias ou modelos de aquisição, ou seja, quanto de conteúdo virou conhecimento, após duas semanas.

E os resultados foram:

  • Lendo – 10%
  • Ouvindo palavras (que pode ser uma palestra ou podcast) – 20%
  • Vendo imagens – 30%
  • Ver e ouvir ao mesmo tempo (audiovisual) – 50%
  • Quando a pessoa fala – 70%
  • Quando a pessoa fala e faz – 90% (em especial quando você se dispõe a ensinar).

Essa pirâmide traz algumas boas sacadas:

  • Não sabemos ler, nem ouvir: Penso que os quatro primeiros itens demonstram nossa falta de presença no presente;
  • Aprendemos contribuindo: Falando, convivendo, ajudando, não adianta ficar no buraco e dizer que tem tudo que você precisa saber no YouTube. Até tem, mas não tem tudo que você precisa viver!

Porque a vida é interação, relacionamento, contribuição, colaboração, não adianta fugir. Você pode assistir uma tonelada de filmes de romance e palestras de relacionamento, mas, minha filha, beijo na boca você só dá com outra boca!

Conhecimento x Fantasia

É importante também olhar para a diferença entre a força da mente e do conhecimento dentro de nós e a fantasia da nossa cabeça.  Muitas vezes o cara fica pirando nos vídeos, se satisfazendo com a fantasia de que está vivendo o conhecimento. Quando, em verdade, está se isolando, se iludindo, fugindo da vida real, da prática do conhecimento. Que gera atitude e ação.

Se todo o conteúdo que você acessa não levar para a ação, você está fantasiando, está trocando Faustão pelo Pozatão, é isso, um gordo pelo outro! É entretenimento!  Para integrar esse conhecimento e chamá-lo para a vida real você precisa viver. 

A ferramenta não qualifica o resultado do trabalho a ser afeito com ela. Isso depende da sua maturidade. O YouTube é ferramenta. Mas é preciso noção do que fazer, que vem a partir do autoconhecimento.  Claro que tem muita coisa boa na internet. Mas como você desenvolve o sento crítico para receber o conteúdo, exercer o conhecimento e desenvolver em comunidade? É uma atividade pró ativa que dá forma para aquele saber dentro da própria vida.

Abraço grande,
Sempre avanti! Che questo è lá cosa piú importante!

Juliano Pozati


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