Buscar a sabedoria atrai críticas

Expansão de consciência não tem volta e vai acontecer com todo mundo, mas cada um no seu tempo.

Expansão de consciência não tem volta e vai acontecer com todo mundo, mas cada um no seu tempo.

 

“Aqueles que buscam uma vida de sabedoria mais elevada, que procuram viver de acordo com princípios espirituais, devem estar preparados para serem ridicularizados e condenados.” (A Arte de Viver, de Epicteto, pág 52.)

Já sabemos que todos nós que buscamos o processo de elevação de consciência, começamos a nos sentir deslocados, começamos a frequentar as festas de família e as conversas não interessam. Isso porque, em geral, todos querem discutir sobre eventos e pessoas, e você quer conversar sobre ideias e, para isso, é preciso que haja uma disposição mental de sintonia de conexão que não existe. A gente se sente meio peixe fora d’água.

“Certas pessoas que com o tempo baixaram seus padrões pessoais tentando conquistar a aceitação social e as comodidades da vida sentem-se profundamente ameaçadas por aqueles que demonstram uma tendência filosófica, que se recusam a comprometer seus ideais espirituais e buscam aprimoramento”. (A Arte de Viver, de Epicteto, pág 52.)

Como dizia um amigo meu, pensar dói. E o melhor jeito de você ser uma pessoa e profissional de sucesso é pensar para além do que todos pensam, não ter preguiça de se debruçar mentalmente sobre as questões e ir além do senso comum, porque daí as pessoas compram a comodidade de não ter que pensar.

Observe que todo tipo de estratégia de vendas e marketing passa pelo que se chama de tratamento de objeções, que significa que você já tem que responder tudo aquilo que pode ser uma dúvida de compra, antes mesmo da dúvida surgir. Você pensa tudo aquilo que a pessoa poderia pensar e já responde, para a pessoa se sentir planificada na sua demanda, até aparecer o próximo produto.

Mas a realidade é que filosoficamente a vida imita esse padrão de consumo, então, as pessoas não querem pensar para além daquilo que podem ou está tangível. É difícil pensar para além,  pensar, por exemplo, na continuidade da vida, que o espírito é eterno, que você vai voltar em outras vidas e que é responsável sobre todos os seus atos, e que eles vão ecoar nos dias futuros.

Não é todo mundo que está preparado para lidar com este nível de responsabilidade, que significa responder o que a vida traz, mas é também a responsabilidade de responder diante daquilo que você trouxe para a vida,  e não só aquilo que a vida trouxe aparentemente ao acaso.

Responsabilidade dá muito trabalho mental e, em verdade, estamos numa sociedade entorpecida pelos prazeres proporcionados pelos sentidos físicos, que alimentam os olhos, ouvidos, tato, paladar, olfato. Queremos nos preencher desses prazeres limitados, efêmeros, relativos.

Não raras vezes fugimos para o entretenimento desse mundo para não ter que pensar questões mais graves a respeito da existência humana.

“Não deixe que essas almas pequenas sejam uma referencia em sua vida. Mas se mantenha firme no que você sabe ser o seu bem”. (A Arte de Viver, de Epicteto, pág 52.)

Eu tenho uma pessoa muito próxima que nunca consegui ter esse tipo de conversa, uma pessoa que eu amo muito, mas que se contenta com o famoso “deixa como está para ver como é que fica” e se aliena da realidade a partir do entretenimento com esportes, filme, novela…E eu nunca consegui aprofundar a relação.

Comecei então a fazer justamente ao contrário do que o Epicteto fala. Eu pensei, se essa pessoa é fanática por futebol, vou começar a estudar para entender tudo sobre isso, campeonatos, times, apesar de eu não conseguir assistir cinco minutos de uma partida, mas assim terei assunto com ela. Essa minha tentativa durou dez dias e foi um esforço tremendo. Porque comecei a olhar o futebol do ponto de vista estratégico e tático, comparar com estratégia militar, fazer triangulação com Sun Tzu (A Arte da Guerra) e tal… E não deu certo.

A minha proposta estava tentando tirar a pessoa da bolha de alienação que o entretenimento esportivo proporciona, mas ela não queria pensar na complexidade, discutir ideias, queria apenas se entreter, se anestesiar dos problemas da vida de uma maneira segura, de modo que a consciência permanecesse no nível em que está.

E o que Epicteto está falando é isso, tenha compaixão dessas pessoas, mas não tome aquilo como régua para você, porque uma consciência que se expande já não cabe mais naquele tamanho.Expansão de consciência não tem volta e vai acontecer com todo mundo, mas cada um no seu tempo.

Então, entregue o seu melhor no nível que aquela pessoa é capaz de assimilar.

“Quando você iniciar o seu programa de progresso espiritual é possível que as pessoas mais próximas caçoem de você ou acusem você de estar sendo arrogante”. (A Arte de Viver, de Epicteto, pág 52.)

Qualquer um que rompa com a inércia existencial que está pactuada na sociedade, é vista como um traidor desse acordo oculto e silencioso que existe de nos mantermos medíocres e inertes diante da jornada evolutiva.

Você passa a ser um incômodo, arrogante, o que, muitas vezes, também é verdade. Em especial quando fazemos uma decisão de alimentação vegana, vegetariana, meditar todo dia, romper com certos padrões de consumo, às vezes ficamos arrogantes sim, e isso não ajuda em nada.

“Cabe a você comportar-se com humildade e seguir com rigor e persistência seus ideais morais. Mantenha-se fiel ao que você sabe, no fundo de seu coração, ser o melhor. Se você se mostrar inabalável, as próprias pessoas que o ridicularizaram passarão a admirá-lo. Se você permitir que as opiniões mesquinhas dos outros o influenciem a ponto de fazer você vacilar em seus propósitos, terás dois motivos para se envergonhar”. (A Arte de Viver, de Epicteto, pág 52.)


Sempre avanti! Che questo è lá cosa piú importante!

Juliano Pozati


Um guia para lidar melhor com críticas 

 

3 respostas

  1. Estou tão encantada com este vídeo que já re-assisti algumas vezes… Pois traduz tudo o que sinto e que não consigo expressar em palavras. Só tenho a agradecer de coração, Juliano.

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