Como estudar melhor

A importância de otimizar o processo de aprendizagem e aprender a aprender.

Você tem dificuldade de estudar? Costuma esquecer muito rápido algo que acabou de ler? Se eu pedisse para contar a história de um livro que você leu há um mês, lembraria de todas as ideias principais? E de algo que você leu há um ano? 

Se você já teve alguma dessas dificuldades ao estudar, saiba que são dificuldades comuns de pessoas que estão estudando. E que é possível melhorar o desempenho com o processo de aprendizagem como um todo. Porque estudar não é uma aptidão inata, e sim uma habilidade que pode ser adquirida por qualquer pessoa, em qualquer idade. 

Algumas pessoas realmente têm mais facilidade de estudar, por diversos motivos. Mas se você não é um desses felizardos, não significa que nunca vai ter um bom desempenho nos estudos. 

Sempre que alguém tem dificuldade com alguma atividade, eu costumo perguntar COMO a pessoa está fazendo aquilo. Nos estudos, por exemplo, muita gente acha difícil fazer um resumo de um livro. Mas COMO a pessoa está tentando fazer? Se ela estiver tentando fazer tudo de uma vez quando terminar o livro, vai ser bem difícil mesmo. Se ela estiver tentando fazer sem saber quais os elementos que devem constar num resumo, vai ser bem difícil. Se desconhece o passo a passo do que pretende fazer, fica mais difícil ainda. 

No caso do resumo, é importante que ele seja feito por partes, ao longo da leitura do texto. Senão, lá no final, vai faltar informação e você terá que voltar para o livro. Ao passo que se fizer aos poucos, por trechos menores, você termina a leitura do livro e o resumo ao mesmo tempo, e ainda fixa melhor cada trecho. Percebeu que a dificuldade está no COMO e não na capacidade de fazer?  

As dificuldades e as crenças 

Quem acha que tem dificuldade para aprender geralmente tem crenças sobre isso. A pesquisadora de Stanford, Carol Dweck, autora do “Mindset – Psicologia do Sucesso”, chama esse tipo de crença de “mentalidade fixa”. 

Mentalidade é, simplificando bem, o conjunto das nossas crenças e valores e que, em última instância, determinam o nosso “filtro padrão”, digamos assim, o nosso viés de interpretação dos acontecimentos. Segundo Carol, as crenças podem ser de dois tipos: 

  • Mentalidade fixa: quando acreditamos que não é possível “moldar” a nós mesmos, evoluir.
    Exemplos: “eu sou ruim de memória”; “eu não consigo me concentrar”; “eu não nasci para estudar”; “eu já estou velho, cabeça de velho não consegue mais aprender”.
  • Mentalidade progressiva: quando provo para mim mesma que consigo estudar, eu produzo e vivencio uma evidência dessa capacidade de autodesenvolvimento. 

O fato é que esse tipo de crença, e não a capacidade de aprender, que diferencia o mau e o bom estudante. Se a gente acredita que não nasceu para fazer algo, cada dificuldade ou obstáculo será atribuído a essa “inabilidade”, e não a um processo que precisa ser desenvolvido e melhorado.

Às vezes também o desânimo pode vir de um desinteresse, um “bode” de estudar.  Mas isso também não significa nada sobre o potencial de aprender. Talvez você tenha estudado em um ambiente com um método desinteressante, que não foi capaz de despertar o amor por aprender. Hoje sabemos o quão importante para a memória e aprendizagem é o interesse, o prazer pelo que se está fazendo, ter um vínculo afetivo positivo com os estudos. Então, talvez, por conta de uma experiência desestimulante, deu essa sensação de “preguiça”, essa crença de que é algo chato.

E como faz para tirar essa sensação?

Bom, só depois de começar estudar de maneira diferente e tiver os primeiros resultados – as evidências – é que o prazer por estudar vai chegar. É difícil desenvolver uma experiência positiva se não for colocada em prática de uma maneira mais assertiva. E isso também vai levar a superar o julgamento: “não gosto de estudar”; “estudar é chato”. Isso fica em segundo plano porque estudar tem utilidade na nossa vida, traz benefícios, tem um valor intrínseco.

Estudar traz muitos benefícios, vejamos apenas dois deles:

  • Mais clareza mental – o hábito de estudar melhora nossas capacidades intelectuais, de interpretação, argumentação, lógica e concentração. 
  • Facilita o processo de cocriação – Tudo que eu quiser transformar na vida, se eu tiver conhecimento/base teórica, junto com uma mente clara, atenta e eficiente, vai me facilitar.

E como estudar melhor, afinal?

Um bom começo é usar uma técnica de estudo, um método que vai a favor do nosso jeito natural de aprender. Quando a gente estuda de maneira mais estruturada, em que cada passo foi pensado para otimizar o processo de aprendizagem, aprendemos a aprender e apreender.

A mente humana tem um processo de aprendizagem e de memorização que lhe é próprio. As técnicas de estudo, basicamente, destrincharam esse processo. Sabemos, por exemplo, que a memória funciona bastante por imagens e por associação de novas ideias às ideias já existentes, então coloca-se no método exercícios que estimulam o processo de associação.

Estudar em grupo é outra coisa que ajuda muito, mas é mais otimizado quando o estudante segue alguns passos antes do estudo. As técnicas vão encaixando os processos em uma sequência didática e otimizando nossos próprios mecanismos de assimilação e interpretação.

Outra dica é aprender a ter uma postura ativa diante de toda informação. Isso estimula o pensamento crítico, o raciocínio complexo. Entrar no texto questionando, procurando informações importantes. 

Também é importante cumprir as metas de estudo, independente de estar ou não “a fim”. Steven Presfield, no livro “A Guerra da Arte”, comenta uma coisa que acho que todo mundo já vivenciou. Em nossa mente reside uma “resistência” que produz as “armadilhas da mente”, e que se expressa toda vez que tentamos fazer algo de mais valor na nossa vida. Por isso é necessário estabelecer um plano viável, possível, fácil de ser cumprido.

Estudar é como qualquer outra atividade complexa, precisa avançar do mais simples para o mais avançado. Ninguém pega a sapatilha de ponta no ballet com um mês de aula, o pé não tem nem musculatura para isso, não tem como pular etapas que precisam da ação do tempo para melhorarmos.

Finalizo com uma frase do psicólogo Arthur Kornhauser:

“Aprender a estudar significa aprender a como pensar, observar, como se concentrar, como analisar. Em resumo, é aprender a ser mentalmente eficiente”.

Simone Abate


ASSISTA TAMBÉM ESSE CONTEÚDO COM MAIS DETALHES EM VÍDEO 

Se essa aula ajudou, você pode conhecer o Curso Técnicas de Estudo para se aprofundar no assunto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos Relacionados

Estreia dia 29/04 no Clube do Aluno.
por Juliana Rissardi
Aniversário do nosso mentor, General Uchôa.