Do espiritualista bêbado ao sentir-agir

A ciência dos mistérios é confiar no processo.

O caminho para a iluminação nunca é apenas um. Deus é infinito, portanto, são infinitas as possibilidades de se chegar até ele. Na minha palestra do III Congresso do Círculo deste ano usei uma expressão um tanto engraçada, mas que faz muito sentido. Quase todos nós, buscadores do caminho espiritual, temos a fase do espiritualista bêbado, em que “bebemos” conteúdo de todas as fontes. E isso é muito bom, abre a mente, desvia preconceitos.

Mas como tudo passa, a fase do espiritualista bêbado, quando nos sentimos felizes com todas as coisas maravilhosas que descobrimos, também vai passar. E na próxima fase você pode se sentir um pouco preso, como quem recebe a caixa misteriosa do MasterChef.

Você pensa: O que eu faço com tudo isso?
Porque, em geral, a gente não tem jogo de cintura para lidar com muitas opções na vida.

A questão é que falta autoconhecimento, a linha mestra que guia a jornada. O desenvolvimento espiritual deve estar alinhado com a transformação emocional, entender como a gente funciona, a psique, senão você vai acabar tendo uma relação superficial com os mistérios. E não vai aplicar isso na sua vida. Vai ser a “tia mística dos cristais”, mas não vai se deixar transformar pela sua existência, nem viver as experiências que estuda, principalmente as mediúnicas.

Observo que não existe caminho espiritual sem a gente olhar de verdade para quem somos. Eu me amo? me aceito? Como são minhas relações com família, trabalho, dinheiro? É preciso fazer um check-up emocional  para melhor entender a realidade à sua volta.

As experiências servem para que você se transforme.

Para ter uma vida normal, mas com a espiritualidade integrada, com propósito e no fluxo (flow), é preciso vivê-la de corpo e alma. Aterrar com a vida. Encarar e viver as experiências, sejam elas boas ou ruins. Porque as experiências que passam por você são milimetricamente desenhadas para sua transcendência. Isso é 100% escola de mistérios. Isso é alquimia pura. E hoje temos acesso a boa parte desses conhecimentos. Aterrando, a gente flui; aterrando a coisa acontece. Mas o que é esse “aterrar”? É prestar atenção nas nossas fugas, negações e autossabotagens.

Estou realmente vivendo no agora e entendendo porque isso está acontecendo comigo? Ou estou esperando esse problema passar para “voltar tudo ao normal” e “voltar a ser feliz”?

Precisamos nos permitir ser transformados pelas experiências pois o universo é regido por leis de equilíbrio. As coisas acontecem porque alimentamos essas leis através do nosso comportamento. E nada é desnecessário.

A ciência dos mistérios é confiar no processo.

Isso me fez refletir bastante sobre fé. A gente ouve falar, mas não consegue definir muito o que é fé. É mais fácil pensar e sentir do que definir. É preciso ter fé? o que é fé?

Entendi que fé é a confiança no processo e no mecanismo do universo. Você não precisa ter fé no sentido de acreditar em Deus, Buda, Jesus…precisamos é confiar no processo. Como? Tomando atitudes na vida e largando para o universo, porque as coisas vão acontecer para que você se transforme.

Realização é uma sensação interna de dever cumprido.

A vida apresenta vários chamados a aventura para nos tirar da zona de conforto. O chamado é um puxão. Ele é SENTIDO, intuído. A vida chama para a aventura. Ou você vai, ou não vai. Ou põe energia na situação, se joga na experiência e se deixa transformar; ou tem sempre a opção de não fazer nada, dar desculpas e paralisar. Consequentemente você perpetua o ciclo de não realização. Pois, como eu disse, a realização é um estado.

Precisamos passar pelas coisas para entender se queremos ou não. E não estou falando sobre o resultado positivo ou negativo. Estou falando que a experiência vai transformar e é preciso se deixar ser transformado por ela.

O universo é um sistema de leis que se autorregula. Nosso papel é alimentá-lo. Quando coloco energia em algo, estou dando o combustível necessário. O universo precisa de movimento para conseguir nos catapultar de uma situação para outra. Alguns caminhos são mais longos, outros mais curtos. Mas se a gente se deixa paralisar pelo medo, não vai acontecer nada, e talvez por isso a depressão é o mal do século.

A medida do novo ser humano é o sentir-agir. Colocar energia no agir é confiar que o universo vai desenrolar aquilo e você fica só curtindo as cenas dos próximos capítulos.

* Larissa Borges é aluna do Círculo desde 2017 e, atualmente, mentora do Curso de Iniciação à Exoconsciência 2021.

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