Paixão: PEN Princípio Elementar Natural

Indícios encontrados do PEN – paixão na ciência espírita

Assim como todos os nossos companheiros encarnados e desencarnados dessa viagem transcendental em busca da tão almejada perfeição, desejamos preencher ou compensar o vazio existencial que sentimos, por não vivermos a essencialidade de nosso ser. Isso se deve às nossas migrações nas paixões e ao saudosismo que retemos da paixão anterior, em que estávamos revestidos, tanto psiquicamente, como energeticamente.

Obra básica da codificação, A Gênese, no Capítulo III, O Bem e o Mal, no item 18, nos diz:

“(…) as paixões nas primeiras idades da alma têm em comum com o instinto, serem as criaturas solicitadas por uma força igualmente inconsistente. As paixões nascem principalmente da necessidade do corpo e dependem – mais do que o instinto – do organismo. O que, acima de tudo, as distinguem do instinto é que são individuais (…). Variam de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São úteis, como estimulante, até a eclosão do senso moral, que faz nascer, de um ser passivo, um ser racional (…)”

As questões 190, 191 e 191a de O Livro dos Espíritos também falam sobre isso:

190. Qual o estado da alma na sua primeira encarnação?

 – O da infância na vida corporal. A inteligência apenas desabrocha, a alma se ensaia para a vida.

191. As dos nossos selvagens são almas no estado de infância?

 – De infância relativa, pois já são almas desenvolvidas, visto que já nutrem paixões.

191a. Então, as paixões são sinais de desenvolvimento?

– De desenvolvimento, sim; vida de perfeição, porém, não. São sinais de atividade e de consciência do Eu, porquanto na alma primitiva, a inteligência e a vida se acham num estado de gérmen.

Portanto, eis aí a reafirmação do conceito da paixão como base do desenvolvimento. E a espiritualidade ainda acrescenta: “São sinais de atividade e de consciência do Eu”.

Creio que as respostas para a natureza humana e nosso psiquismo têm vindo através de vários conteúdos (em várias etapas) e se posicionam bem ao nosso redor. O grande problema são as bandeiras que levantamos e o fato de nos fecharmos para outras partes dessas informações trazidas e as que continuam chegando.

Para concluir apenas esta parte da importância das paixões – PEN – em nossas existências terrenas, podemos afirmar que é incontestável a presença delas em nossas vidas, diferenciando-nos em gostos, predileções, ações e objetivos.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 907, Allan Kardec pergunta e recebe a resposta:

907. Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza?

Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para seu bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é o que causa o mal.

O Espírito de Santo Agostinho responde com muita propriedade ao codificador da ciência espírita que: o princípio que origina a paixão foi posto no homem para o bem, e que as paixões podem nos levar a grandes realizações. Salienta ainda que é o abuso ou o mau uso que delas que as tornam nocivas.

As paixões são tão antigas quanto as virtudes, que chamo de “habilidades naturais”, pois que uma está dentro da outra. As paixões também receberam outros títulos ao longo do tempo: paixão dominante, vício psicológico, ego dominante, entre outros.

Como vimos, na resposta da questão 907 de O Livro dos Espíritos, a paixão na sua origem é boa, sendo a essência primeira para a evolução humana. Pouco analisada ao longo dos tempos e mal interpretada em sua estrutura intrínseca, a paixão foi compreendida no ocidente como um pecado capital. Já no oriente, a paixão mostrou-se introspectiva, configurando-se como tendências más ou sentimentos que deveriam ser reprimidos ou rechaçados, ou ainda, como a busca da essência perdida. Pelo menos por lá as paixões sofreram algumas modificações positivas.

A paixão pode ser comparada a um perfume com variadas fragrâncias que o diferencia. Assim a paixão – PEN – também nos diferencia, pois nos torna habilidosos em variadas tendências e inábeis em muitas outras.

Seguindo o raciocínio da resposta da questão 907 de O Livro dos Espíritos, podemos afirmar que as paixões ampliam e solidificam nossa verdadeira essência em busca do ser integralizado com os propósitos evolutivos do planeta Terra, que reunirá todas as virtudes que estão dentro de cada paixão, assim o espírito recebe “alavancas” de variadas essências que lhe dará impulso na escala evolutiva dos mundos.

 

EQUILÍBRIO E DESEQUILÍBRIO

Na questão 908 de O Livro dos Espíritos, nosso codificador Allan Kardec pergunta:

908. Como poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?

– As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e, que se torna perigoso, desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de governá-la o que traz como resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem.

Continuação da questão 908 de O Livro dos Espíritos, conforme comentário de Kardec:

As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se em vez de dirigi-las, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos, e a própria força, que manejava pelas suas mãos e que poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.

O PEN – Princípio Elementar Natural – que representa uma atualização e descoberta do princípio das paixões, na verdade funciona como uma espécie de instrumento que “papai do céu” ou o “cosmo” nos outorgou, para nosso crescimento e para o crescimento do planeta Terra.

Um abraço à todos

Zé de Araújo

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